Centro Cultural Óscar Ramos ou MEMORIAL Óscar Ramos?
No dia da etnografia realizada em 2019. |
“Esse centro é presente do próprio Óscar, que ainda em vida doou suas obras. O Óscar era muito maior do que eu, e sua grandeza não caberia na minha casa, daí a ideia desse espaço, para continuar uma grande paixão dele, que era permitir que os jovens experimentassem a arte” (José Cardoso, idealizador do centro e amigo próximo de Óscar Ramos).
Quem foi Óscar Ramos?
Óscar Ramos foi um artista visual, cenógrafo, diretor de arte e curador. Nasceu no dia 31 de agosto de 1938 em Itacoatiara, Amazonas, e faleceu no dia 13 de junho de 2019 em Manaus, capital do Amazonas. É considerado um dos principais nomes das artes visuais no Brasil, com desenhos, pinturas, poema visuais e também como designer (antes do computador) na contracultura brasileira, principalmente na música, assinando capas de discos de artistas nacionais, além de outros trabalhos de Direção de Arte premiados no cinema. Estudou e trabalhou nas cidades do Rio de Janeiro, Madri, Londres, São Paulo e Salvador, quando retornou a morar em Manaus teve passagem laboral na Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas – SEC e na MANAUSCULT, além da produção artística contínua. Possuía trajetória de mais de 60 anos de carreira, marcada pelo experimentalismo de apelo universal.
Painel sobre as casas 69 e 77 e painel com imagem do Óscar Ramos. |
Visão de três salas de exposições. |
Linha do tempo e mesa com escritos e esboços de trabalhos. |
Aparador com objetos e acima quadro com cópias de lp`s. |
Acervo de livros, cd`s e dvd`s. |
Aparador com fotografias, quadros e outros objetos de residência. Ao fundo: quadro do Cine Éden, cinema do pai de Óscar Ramos, no qual que era sócio proprietário. |
A segunda parte da exposição está na Casa 77, sendo a primeira sala com grande painel sobre o centro cultural e mensagem do prefeito, diretor-presidente da MANAUSCULT, presidente do Conselho Municipal de Política Cultural – ConCultura, com falas de Sérgio Cardoso, José Cardoso e Caetano Veloso. Nesta sala, o ex-presidente do ConCultura, o escritor Márcio Souza, está no painel com um breve texto no qual chama o lugar de "Casa Memorial". Há ainda nesse painel um antigo texto do próprio Óscar sobre a exposição "Poemas Visuais" realizada ainda em vida. Possui também uma cristaleira com objetos de coleções diversas, homenagens, documentos pessoais, esculturas, placas e estatuetas (prêmios) de festivais de cinema, o livro Maya (2013), único publicado por Óscar em vida, e uma obra de Luciano Figueiredo. Na sala multiuso, inicialmente, havia quadros do Óscar Ramos da coleção pessoal de José Cardoso, no qual permaneceu por um ano. Posteriormente na sala multiuso e em outra sala improvisada estão as obras de artes que eram da exposição “Pedra Fundamental da Pinacoteca Municipal” sob curadoria de Óscar Ramos (2013) com mais de 73 obras de mais de 40 artistas locais e readaptada na curadoria de José Cardoso na Casa 77 no final do ano de 2020. Vale ressaltar que todas essas obras foram doadas, para acervo inicial de uma Pinacoteca Municipal, graças ao empenho de Óscar Ramos e sua relação com os artistas, quando era curador do Paço da Liberdade. E por fim, no corredor logo a frente há um painel com a marca Centro Cultural Óscar Ramos e um painel sobre a breve memória das Casas 69 e 77, e no final de 2020 foi inserido o painel sobre as obras que estão expostas na Casa 77.
Três Kikitos do Festival de Cinema de Gramado e dois Candangos do Festival de Cinema de Brasília. Acervo pessoal de José Cardoso cedido temporariamente ao centro cultural. |
Obras relacionadas ao futebol brasileiro, autoria de Óscar Ramos. |
"Pedra Fundamental da Pinacoteca Municipal" readaptada na sala multiuso como coleção da galeria do CC Óscar Ramos. Foto: José Cardoso, 2020. |
Seria um Memorial?
Segundo o autor Teixeira Coelho, no livro Dicionário Crítico de Política Cultural (2004), equipamento cultural é uma edificação destinada às práticas culturais, bem como teatros, cinemas, bibliotecas, centos culturais, filmotecas e museus. Além dessa definição das edificações, para esse autor, há também o reconhecimento dos grupos artísticos, inseridos (ou não) dentro de edificações, como as orquestras sinfônicas, os corais, os corpos de baile e as companhias estáveis.
A Prefeitura entregou a homenagem ao Óscar Ramos como centro cultural, porém as características do lugar e sua organização demonstram a ausência de outros elementos que possam contemplar o que definiria um centro cultural. Dado a esse diagnóstico posso afirmar que o equipamento cultural referido é um memorial, inclusive citado no painel por Márcio Souza. Um memorial (enquanto espaço físico) é um tipo de museu dedicado a trajetórias institucionais ou uma personalidade. Não podemos chamar de museu casa devido a não residência da personalidade, no caso do Óscar Ramos naquela localidade. Um centro cultural agregaria tipos diferentes de práticas culturais dentro do mesmo espaço físico ou quando as atividades se encontram pela comunidade como ponto de referência de determinada cultura – casas de cultura.
Casa 77 |
Casa 69 |
Detalhas do Jardim de Inverno. |
Publicação especial no segundo ano de falecimento de Óscar Ramos (13-06).
Rila Arruda,
Ma. pesquisadora autônoma
Sociologia da Cultura & Antropologia Cultural
Blog:
museusdoam.blogspot.com
E-mail:
rila.arruda@gmail.com
Linkedin: Rila Arruda
Youtube: Rila Arruda
Instagram:
@rila.ac
Livro: COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural; cultura e imaginário. 3ª edição, São Paulo: Iluminuras, 2004.
Homenagem Virtual a Óscar Ramos: https://vivamanaus.com/oscar-ramos/
Matéria jornalística sobre a inauguração:
Comentários
Postar um comentário