130 anos de extinção do Museu Botânico do Amazonas | Trajetória (parte I)
Breve trajetória*
O Museu Botânico do Amazonas foi uma iniciativa do Império brasileiro, através da Princesa Isabel. A lei n.269 de 18 de junho de 1883, época do presidente da província José Paranaguá, oficializou a criação, mas sendo apenas inaugurado no dia 16 de fevereiro de 1884, já com o presidente da província Theodureto Souto. O diretor nomeado foi o naturalista João Barbosa Rodrigues, graças a influência do Barão de Capanema (Guilherme Schüch), numa época em que os museus eram centros de ciências no Brasil, antes do surgimento das universidades.
A instituição tinha o objetivo de coletar, estudar, conservar, expor e divulgar a botânica e o universo dos povos indígenas da Amazônia. No acervo possuía coleções botânicas, antropológicas, arqueológicas e paleontológicas, havia também o laboratório de química e a biblioteca. Houve duas grandes exposições na sua segunda sede, duas exposições itinerantes, e publicações, incluindo os quatro volumes da revista científica Vellosia. Estavam previstos, no regulamento, realizar pesquisas aplicadas à medicina e à indústria, e ofertar cursos de ciências (agrimensura e agricultura), porém nunca foram executados devido à falta de recursos humanos e financeiros, e da constante perseguição dos políticos da província na época.
Sedes
1-Casa (inadequada) na ilha de Cachangá, de fevereiro de 1884 a junho de 1885;
2-Casarão (funcional) no bairro de São Sebastião, de julho de 1885 a a julho de 1886;
3-Sala (1) no Liceu Amazonense, separado do laboratório de química até sua extinção (1890).
Exposições
1-Exposição Etnográfica no Palácio da Presidência da Província (hoje Paço) em 1884;
2-Exposição inaugural e do quadro do José Paranaguá (1885);
3-Exposição sobre História da Província do Amazonas e do quadro da Princesa Isabel (1886);
4-Colaboração na Exposição Sul Americana em Berlim - Alemanha (1886).
Acervo
1.260 objetos de 60 etnias da Amazônia na seção etnográfica;
10.000 espécies de plantas do Brasil e dos EUA na seção botânica;
(s/n.) peças arqueológicas e paleontológicas;
500 objetos no laboratório de química;
(s/n.) obras na biblioteca.
Publicações
Pacificação dos Krichanás (1885);
Relação de produtos enviados para a exposição de Berlim (1886);
Catálogo de plantas e de objetos da seção etnográfica (s/ano);
Vocabulário da língua Tupi e mais 20 dialetos (s/ano);
Artigos de jornais sobre História Natural;
Folhetos sobre plantas novas (s/ano);
Muyrakãty (1889);
Poranduba Amazonense (1891);
Revista Vellosia (1888 e 1891).
Infelizmente o Museu foi extinto**, oficialmente no dia 30 de abril de 1890, através do decreto n.42 pelo governador Augusto Ximenes de Vellory, na recente República brasileira instaurada. Antes disso, o diretor já havia se desligado para assumir a direção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (nomeado dia 25 de março de 1890). Se estivesse ativo, provavelmente, o Museu seria nos mesmos modelos científicos do Museu Paraense Emílio Goeldi no Pará, do Museu Paulista (Ipiranga) em São Paulo e do Museu Nacional (o mais antigo) no Rio de Janeiro. Todos esses museus tiverem seu apogeu científico, na mesma época do Museu Botânico do Amazonas, antes das criações das universidades, dos quais hoje são museus universitários***.
Rila Arruda, Ma. pesquisadora autônoma
Sociologia da Cultura & Antropologia Cultural
Blog: museusdoam.blogspot.com
E-mail: rila.arruda@gmail.com
Linkedin: Rila Arruda
Instagram: @rila.ac
*Versão resumida especial para essa série. Minha pesquisa está sendo revisada e ampliada.
**Sobre a destinação do acervo do extinto Museu Botânico, é importante o conhecimento sobre o Museu Amazonense (1895-1900) - a pesquisa desse também vai ser ampliada.
***As fontes desse resumo estão na lista das publicações na parte II dessa série, com exceção das leis, decretos, regimentos, relatórios, inventários, mensagens, jornais e relatos.
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